A Influência dos valores e ideais de uma sociedade machista, dentro da escola

04/12/2019

Resolvi trazer ao blog, uma temática que eu particularmente gosto muito e sou defensora fiel, a luta feminista e a asseguração dos direitos das mulheres.

O ano era 1827, e as escolas passavam pelo início da tomada do sexo feminino nas salas de aula, um passo que naquela época era muito grande para a luta pelos direitos das mulheres e que mexeu com valores que por muito tempo eram sólidos e imutáveis, porém como mais uma conquista importante para elas, as meninas podiam frequentar a escola, entretanto nada se muda totalmente da noite para o dia, tanto é que no atual cenário mundial, as mulheres ainda sofrem em situações de privação ao seus direitos, mesmo estando dentro de um ambiente onde deveriam aprender sobre seus próprios direitos. 

Se há anos atrás as meninas não podiam nem mesmo frequentar o ambiente escolar, estar nas salas de aulas seria uma conquista muito grande, se obviamente, elas ainda não fossem submetidas à situações de constrangimento e coação, como quando algum funcionário desta mesma instituição deixa implícito as condições para que ela permaneça naquele ambiente. Em pleno século vinte e um, ainda nos deparamos com relatos de mulheres que tiveram que "comprar" suas notas, situações nas quais os ditos pagamentos eram feitos através das mais baixas humilhações e submissões. Para conscientização de uma sociedade que ainda persiste no hábito de fechar os olhos e fingir naturalidade para determinados absurdos, como objetificação do corpo de uma mulher, entre diversas outras ideias que ainda são repassadas, pensamentos esses que serão mostrados e desmistificados nas próximas linhas deste artigo.

Com base nas pesquisas realizadas, podemos observar relatos fortes e reais de mulheres que ousaram ter algum letramento além do famoso ler e escrever, como exemplo claro disso temos a história de vida de uma mulher que precisou abandonar a casa de seus pais, para ter o direito de fazer um curso superior, pois na visão patriarcal de seu pai, ele já havia permitido o suficiente para que ela estudasse e era hora de encontrar um bom marido e um bom casamento.

"Eu era jovem, tinha acabado de concluir o Ensino Médio, que na época era conhecido como Segundo Grau, e queria fazer um curso superior, uma especialização, etc... Num dia, durante o almoço eu falei para o meu pai que queria cursar uma faculdade, ele olhou para mim com um claro estranhamento no olhar e disse 'Não é suficiente o que eu já deixei você fazer até agora? Você já sabe o necessário que é ler e escrever, para que fazer uma faculdade? O que temos que pensar agora é no que você vai fazer de útil para a sua vida.', e foi nesse dia que eu decidi sair de casa..." (Relato de uma entrevistada)

Saindo de sua casa para uma cidade desconhecida, sem nenhuma ajuda que não fossem suas próprias economias, ela partiu no primeiro ônibus da manhã. Atualmente essa mulher que, por morar sozinha era categorizada como prostituta pelas vizinhas casadas e dignas de respeito, é uma renomada profissional, tem seu trabalho digno e os diplomas e certificados de todas as graduações, as quais seu pai não queria que ela as fizesse. Mas historicamente, como as mulheres entraram nas escolas?

No Brasil, ainda no período colonial, as mulheres tanto brancas como índias, eram direcionadas aos conventos, somente para o aprendizado de ensinamentos religiosos e serviços domésticos, entretanto com algumas revoltas por parte dos povos indígenas brasileiros, a grade curricular que era abordada sofreu alterações, abrangendo também as quatro operações matemáticas para auxílio na economia doméstica, leitura, escrita e a prática de alguns poucos esportes, em algumas poucas escolas para mulheres, como vemos na imagem abaixo.


Usando saias até a altura de seus joelhos, camisetas lhes cobrindo até depois dos ombros e sapatos de modelo não tão social, elas ocupavam salas de aula direcionadas diretamente para elas, sem haver a mínima mesclagem entre os dois sexos. O início da entrada feminina nas escolas, como professoras, é apenas no ensino primário, pois elas teriam um maior senso materno e iriam cuidar melhor de crianças recém colocadas num ambiente escolar, que era algo totalmente diferente do que estavam acostumados em suas casa, recebendo os cuidados de suas mães ou babás. E foi assim que elas foram tomando o mercado de trabalho escolar, não era um cargo de professora, elas não estavam ali pelo mérito suas aptidões intelectuais e nem por suas formações acadêmicas, mas sim pelo instinto natural materno para serem a segunda mãe, das crianças que deveriam ser somente seus alunos.

Como reflexos dessa segregação de ambientes escolares para os dois sexos, existem valores que são reproduzidos até hoje, ditados como "Menina que sabe muito é mulher atrapalhada. Para ser mãe de família, saiba pouco ou saiba nada" ou então, "Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe escrever a receita da goiabada. Mais do que isso, seria um perigo ao lar", caíram em desuso linguístico e popular, entretanto eles infelizmente não foram esquecidos, são apenas reproduzidos em palavras mudas que não se pode ouvir, mas se é perceptível ao observar uma família interiorana, onde o filho mais velho estuda na melhor escola da cidade, e a filha passa a maior parte de seu tempo em salões de beleza, com o intuito de aumentar suas chances de conseguir um bom casamento, no caso, um marido bem afortunado.

Considerações Finais

As mulheres hoje em dia, ocupam lugares e profissões que um dia, era um absurdo imaginar uma moça exercendo aquela função, mas bem como a evolução da luta dessas mulheres evoluiu, o velamento desses valores patriarcais também evoluíram, se escondendo atrás de dados empíricos, que mostram explicitamente a maioria do público feminino, mas que ainda assim se torna uma minoria social, devido aos preconceitos, assédios e ofensas sofridas a cada dia. De uma história onde mulheres não podiam frequentar uma escola, se vê uma evolução para escolas mistas, onde elas ocupam as cadeiras de uma sala de aula e assistem aulas de professores e professoras, e podem vir a ocupar esse mesmo lugar um dia, mas não por seus instintos maternais, mas por suas aptidões intelectuais e acadêmicas.



"Cada linha e cada palavra deste artigo, é dedicado a cada mulher que esteja o lendo, seja qual for sua religião, etnia, sexualidade, nacionalidade, condição física ou financeira, graças à luta pelos direitos das mulheres, hoje elas podem usufruir de seus direitos na plenitude que lhes é cabível." Mayara Floripes

Mayara Floripes - Recife, PE
Todos os direitos são reservados - 2019
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora